Entenda como aconteceu:
Fazia apenas três dias que Jair Bolsonaro havia assumido a Presidência da República quando assinou uma de suas primeiras leis: uma semana inteira para "disseminar informações sobre medidas preventivas e educativas" a fim de reduzir a incidência de gravidez na adolescência. A ideia, comemorada nos bastidores, em pouco tempo se transformou em dor de cabeça para três ministérios. Desorganizadas internamente, as pastas da Saúde, da Família e Direitos Humanos e da Cidadania submergiram em meio à disputa sobre como tratar o assunto. Terminaram perdendo a data prevista na lei para a celebração da "Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência", cujo objetivo é reduzir uma das maiores taxas do mundo de bebês nascidos de mães com idade entre 10 e 19 anos.
A ideia era que uma programação de eventos começasse no último domingo, 27 de janeiro, abrindo a semana do dia 1º de fevereiro, esta sexta-feira, quando a campanha estaria perto do fim. Nenhum evento, no entanto, saiu do papel.
As ações deveriam ser tocadas pelo Ministério da Saúde, mas Bolsonaro achou por bem incluir o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Assim, os ministros Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e Damares Alves (Família e Direitos Humanos) também assinaram a lei 13.798/19. Uma fonte consultada pela reportagem conta que, na ocasião, o governo entendeu que a discussão sobre sexualidade na adolescência seria uma oportunidade para reforçar uma das bandeiras da campanha presidencial, segundo a qual o assunto diz respeito, em primeiro lugar, ao âmbito familiar.
A decisão foi a de não chamar a atenção para o assunto e, assim, conter as críticas da oposição. O governo, que não vai gastar dinheiro com campanha publicitária, preferiu divulgar informações por meio das redes sociais, realizar alguns seminários e palestras ao longo da semana e lançar um aplicativo voltado para os adolescentes.
"A expectativa era fazer um marco para ser discutido nas escolas, na mídia e na sociedade. Os pais não falam com seus filhos sobre doenças sexualmente transmissíveis. Tem de ser na escola."
No Brasil, a taxa de gravidez precoce é de 68,4 bebês para cada mil garotas de 15 a 19 anos, segundo relatório da OMS (Organização Mundial da Saúde) publicado em 2018. O indicador está acima da média latino-americana (65,5) e é bem maior que a mundial, de 46 nascimentos a cada mil adolescentes.
Realmente não precisamos falar disso nas escolas? porque os pais tem tanto receio em orientar seus filhos e filhas? claro, eu sei que nem sempre adianta falar com os adolescentes, mas ai vai da conduta de cada pai e de cada mãe, do pulso firme, e de ao mesmo tempo de mostrar ser pulso firme, ser compreensiva, mas se não está adiantando, se ainda existe uma taxa gigantesca de adolescentes engravidando, será mesmo que não deveríamos tomar outras medidas? ou pelos menos tentar?